Permita-me, leitor amigo, desviar desta nossa linha de Causos da Terra, para abordar as Redundâncias, tão comuns no nosso dia a dia, quando usamos a Língua Portuguesa na comunicação, o que torna um vicio desregrado passado de geração a geração. Chamar a atenção para algumas redundâncias é salutar porquanto os críticos da censura estão sempre a postos.
Preciosidades como “elo de ligação” e “há dez anos atrás” são famosos e nos leva a refletir se existe algum elo que não seja de ligação ou se o verbo haver em tempo pretérito dispensa o “atrás”. Às vezes o poeta exagera na ênfase expressiva e afirma que o seu amor pela musa encantada, expele “labaredas de fogo” numa vã redundância, vez que não há outro tipo de labareda. São “pequenos detalhes” – detalhes são sempre detalhes – que não cabem na sua “autobiografia” porque auto já é sua, próprio de você. Sempre haverá um “consenso geral” – existe um consenso parcial? – para “convivermos juntos” – nossa! – nessa salada redundante sem que haja necessidade de “encarar de frente” nem “entrar dentro” do “erário público” porque erário já é Tesouro Público. Afinal nem “todos foram unânimes” quando o juiz sentenciou: “eis aqui”. A prova do crime que eu “vi com meus próprios olhos”.
Pior que as redundâncias são as preciosidades do tipo: entre “eu e você”, para “mim” fazer, assistir “o” jogo, quebrou “o óculos”, ela está “meia” doente, ele é “de menor”, “agente vamos” ….
Outra aberração é a interpretação errônea de provérbios populares como “caçar com gato” – não tendo cão, caça-se como gato, sozinho e …..”levar uma pedra a Roma uma andorinha não faz verão” – verão não é a estação do ano mas o futuro do verbo ver: vocês verão… No mais é uma questão de hermenêutica.