data Categoria: Colunas |  data Postado por Anildo há 14 anos | Imprimir Imprimir
LABORIOSA BICHARADA

Todos nós em algum momento da vida fomos identificados por apelidos. Na maioria dos casos, começa pelos diminutivos. Todavia alguns são fortes e marcantes porque essas pessoas são identificadas com nomes de animais. A partir de 1998, com a modificação da Lei 9.708, qualquer pessoa pode acrescentar ou substituir o seu nome por um apelido como é o caso de Luiz Inácio “Lula” da Silva.
A bicharada trabalha mesmo em nossa comunidade. Senão, vejamos a realidade diária: Gavião, Raposa e Saruê pescam profissionalmente, Urubu é funcionário público, Catitu e Cação já trabalharam e hoje vivem de aposentadoria. Corró postula uma cadeira na Câmara Municipal enquanto Pinguim e Burrinho trabalham na estiva. Jegue é músico, Papa-Capim e Porco mostram habilidades na construção civil. Curió é carcereiro e zela pela custódia de detentos enquanto Jacaré é eletricista e passa a vida subindo em postes de iluminação. Pombinha faz doces deliciosos, Touro é policial e Louro constrói grades de segurança. Gato é esteticista capilar, vive fazendo a cabeça de sua freguesia e Pata não sabe nadar, mas e expert em cortes de carnes em seu açougue. Caçari é empresário no ramo de hotelaria. Bagre e Mico-Preto são funcionários públicos e Abelha constrói casas como bom carpinteiro.

 
A bicharada laboriosa vive em harmonia com seus afazeres e difere de George Orwell em “A Revolução dos Bichos”. Não há nenhuma semelhança com a fábula contemporânea de Orwell e seus princípios radicais de não dormir em camas, não usar roupas, nem fumar ou beber álcool, nem o radicalismo de expulsar o Sr. Jones e cantar a canção “Bichos da Inglaterra”. Aqui a bicharada manda ver; trabalha mesmo! Calango é político com passagem pela Câmara Municipal e Tatu vende de Tudo: selas, cimento, ferros, tintas e tudo mais para atender a demanda agropastoril. Guaiamum conduz crianças para a escola pela vias navegáveis e tortuosas do Passui enquanto Águia e Caboré transportam mercadorias em suas carroças tracionadas por animal. Outros como Bacural, Muriçoca, Leitoa, Mosquito, Acauã, Guaxinim, Bem-te-vi, já trabalharam demais e hoje vivem vendo a vida passar.