Em um mundo onde a preocupação capitalista é cada vez maior, pessoas correm freneticamente de um lado para outro buscando uma pretensa realização financeira, que na maioria dos casos nunca alcançará. Neste ambiente, ciência e a tecnologia cada vez mais se preocupam em resolver os grandes mistérios da humanidade tais como: cura de doenças até então incuráveis, pesquisas científicas de altíssimo grau, viagens espaciais, descobertas arqueológicas, armas de destruição em massa e outros. Dentro de toda esta evolução e descobertas parece que o homem se preocupa cada vez menos com o ser humano enquanto pessoa tratando-o como coisa ou objeto a ser estudado.
A grande preocupação do século é com problema do meio ambiente, entretanto, fica a impressão que o ser humano é um intruso e a natureza precisa ser preservada e protegida contra o seu maior predador, o homem. Enquanto isto, tartarugas e baleias recebem status superior ao de uma criança abandonada. Um braço de rio passa a ser mais importante do que o problema dos adolescentes em situação de risco. Seria possível tratar de um problema excluindo o seu principal elemento? Para se ter certeza disto basta observar as fábulas de recursos que são destinadas a ONGs de preservação da natureza e quanto é destinado às ONGs de preservação do ser humano enquanto ser social.
Este comportamento excludente explode de maneira muito dura na sociedade que parece que quanto mais se multiplica, mais se torna fria e individualista. Estamos nos sentimos completamente sós em meio a uma multidão de pessoas completamente isoladas em seu próprio mundo. É uma massa sem consciência e sem sentimento de proximidade que embora estejam dividindo o mesmo espaço físico, estão completamente distante, completamente protegidos em seus mundos.
Neste conflito pós-moderno as pessoas buscam na Igreja Cristã um espaço diferenciado para cura de seus problemas de alma. O que elas querem e precisam é de um lugar onde possam ser amparadas, cuidadas, tratadas de suas tristezas causadas, sobretudo, pela dor da solidão.
Quando falamos de Igreja como lugar terapêutico estamos nos referindo a este lugar de cura restauração da alma abatida, através de relacionamentos afetivos entre as pessoas que freqüentam este ambiente na busca de um encontro com Deus. O culto prestado produz uma sensação de bem-estar aliviando as dores do físico e da alma e/ou espírito e a convivência com o outro gera um sentimento de aceitação mutua. Neste ambiente, um ajuda o outro em suas dificuldades, ainda que seja simplesmente através de um toque, um sorriso, um abraço ou uma oração. Ali, naquele momento, há uma estranha sensação de que estamos sendo notados como pessoa, há, portanto, um profundo sentimento, importantíssimo para o ser humano desde a sua origem, de que Deus me viu e alguém me notou, logo, eu sou importante para alguém.
O grande desafio da Igreja neste momento é, portanto, fazer a inclusão do homem no meio ambiente e ser o espaço terapêutico onde o ser humano deixa de ser um ninguém desprezado para ser alguém amado.
Pr. Sergio Rosa – Primeira Igreja Batista em Belmonte