Categoria: Colunas |   Postado por Anildo há 15 anos |  Imprimir

Após a ablação sofrida traumaticamente num incidente com um jegue “inteiro”, o pobre coitado, de olhar álgido, deitado, gemendo de dor, sobre o jirau de murta, em seu tugúrio túrbido, nos campos da Conceição questionava consigo o que seria de sua vida, doravante. Mutilado, envergonhado pela sua bestialidade, rotulado com uma alcunha depreciativa- Mordido do jegue-, pária de uma sociedade machista, o pobre diabo se lastimava ignívomo contra seu destino.

Da desgraça dos outros não se deve sorrir, pois a vida é cheia de surpresas boas ou ruins que estão à espreita em cada esquina da nossa trajetória. A vida é assim… Alguns reclamam da feiúra, do nariz, do cabelo, da altura, da pobreza, dos problemas psíquico-econômicos e de tantas outras neuras. Outros se lamentam pelos seus desejos não satisfeitos e até se esquecem que pessoas são pessoa e que tudo um dia se acaba. O mendraz vive a enganar, enquanto o néscio por desconhecer as causas e as conseqüências, vive bem, à margem dos problemas.

Fado atroz, sem o seu gládio para o combate, o infortunado mutilado de masculinidade tisnada, pranteava suas mágoas tomando parate e pedindo proteção para seus ialorixás. Tornou-se noctívago a espera de uma abdução, de repente, por um alienígena qualquer que amerissasse sua nave nas falésias de Mogiquiçaba e o levasse para o espaço sideral, onde voltaria a ter alegria.

Lindas ETs o acariciariam, lânguidas de amor, antenadas na sintonia do terráqueo tímido, mas comprometido em fazer amor por telepatia com pulcras marcianas, deidades de outras plagas.

Se você leu todo o texto e não entendeu nada, não fique zangado. Cuidado com as surpresas.