Pois é, o Carnaval chegou! O Carnaval é “a invenção do Diabo, que Deus abençoou”. Não se mede a distância do antes até o agora pela cor dos cabelos, cobertos por tinta ou pelas rugas escondidas sob o botox. O tempo passou, passaram os pierrôs e colombinas, os blocos e quebra-galhos; passaram a batucada de Chiquinho Branco, o Patropi de Carioca, o Bagaço Grosso de Maria Borges, o Xô Satanás de Soquinha, até o Uca-na-Cuca também ficou na lembrança. No pretérito se foram os bailes do América, a orquestra de Pirará, Veinho, Adilson, Moá, Timboca, João de Ciganinha, Jaime Palhaço e tantos outros músicos que embalavam os nossos sonhos ante as moiçolas elegantemente fantasiadas que exalavam a “química” provocativa do desejo bestial de animal no cio, contido no macho. A música ingênua opunha-se aos foliões sedentos de paixão e desejos reprimidos diante de uma platéia sentada às mesas a bisbilhotar os casais mais audaciosos a trocar beijinhos, mesmo que fossem censurados pelos fiscais de salão, de saudosos bailes carnavalescos.
O trio chegou na Barrinha! É o palco móvel onde desfilarão as estrelas do mundo pop, no carnaval atual. Guitarras e órgãos eletrônicos destronaram Sax, pistons e trombones. Axé music, arrocha e suingues calaram as marchinhas de Zé Kete, Dalva de Oliveira e outros. O biquíni, a sunga, e outras vestimentas minúsculas caíram no gosto popular por expor os corpus sarados de uma juventude atual e seus usos e costumes. Não se pode comparar o ontem e o hoje. São épocas distintas na vida de cada pessoa que deve vivê-las intensamente.
O Carnaval é uma festa que “Deus abençoou”! Alô galera! É o arrastão que vai sair, anuncia o cantor da banda. Capeteiros, Ambulantes, Pipoqueiros, a ambulância e a Patrulha da PM na frente, um carro pipa abarrotado de água para baixar o calor da multidão que se concentra em torno do trio onde a banda estimula os requebros sensuais e as pantumimas dos manguaceiros comtumazes que neste carnaval rotularam de REBOLATION. Passa o tempo, passam as pessoas, tudo passa. Só não passa a vontade e o desejo de “Beijar-te agora, pois é carnaval”… Que venha o Carnaval e suas tentações… Pouco importa que a mula manque, eu quero “foliar”.