Com necessidades de amparo estadual para enfrentar os problemas decorrentes do clima, os municípios de Canudos (a 409 km de Salvador na região nordeste) e Belmonte (a 698 km da capital, na costa litorânea sul) tiveram nesta quinta-feira, 5, reconhecidos pela Defesa Civil os decretos municipais de emergência, por causa da seca e da chuva, respectivamente. No total, conforme os dados do órgão, o estado soma 150 municípios com decreto vigente por estiagem, a maioria situada em locais de clima semiárido, e cinco cidades atingidas por fortes chuvas desde o início deste ano com decreto já reconhecido.
“Nós estamos há mais de 60 dias com chuvas quase diárias”, disse o coordenador de Defesa Civil de Belmonte, Raimundo Carvalho, acrescentando que nos meses de maio e junho a média ficou em torno de 400 mm/mês e que a chuvarada alagou todas as estradas vicinais. Ele, que também é secretário municipal de Meio Ambiente, salientou que em alguns lugares, mesmo com a diminuição das chuvas, ainda não tem como passar pelas estradas, e algumas famílias estão ilhadas.
O distrito de Mogiquiçaba foi o mais atingido, com desmoronamento de parte da BA-001, alagamento de casas e dez famílias desabrigadas. “Tivemos imóveis comprometidos e pagamos aluguel social para estas pessoas”, disse Carvalho. Conforme o coordenador da Defesa Civil, “o assoreamento do rio Jequitinhonha provocou inundação de uma vasta área e perda das lavouras”. A estimativa é que sejam necessários entre R$ 800 mil a R$ 1 milhão “para recompor alguma coisa. Mas isso não dá para ficar como estava antes”, disse.
A falta de chuvas em boa medida levou o prefeito de Canudos, município situado em pleno semiárido baiano afetado pela estiagem, a decretar emergência e solicitar auxílio do estado. De acordo com o secretário de Agricultura e Desenvolvimento Econômico de Canudos, Amilton Bonfim, “este ano nossa produção foi zero. As chuvas que caíram não encheram as barragens e barreiros”, lamentou. Ele acrescentou que o açude Cocorobó, que serve a Canudos e outros municípios no entorno de Euclides da Cunha, está com 20% da sua capacidade e se destina apenas ao consumo humano. A distribuição é feita por carros-pipa do Exército e outros contratados pelo município com apoio do estado.
Fonte: Jornal A Tarde