Belmonte tem um grande histórico de falta de empregos causada pela decadência da cultura do cacau que deixou um grande número de pessoas e mão-de-obra ociosa. Diante de tal situação, um grande número de jovens que terminam os seus estudos todos os anos migram para outras cidades em busca de emprego e uma vida estabilizada. Os poucos que ficam na cidade correm atrás da Prefeitura Municipal de Belmonte e muitas vezes servem de massa de manobra para os políticos mau intencionados cometerem os seus desmandos.
Belmonte seguiu sua vida assim até a chegada da Veracel que se tornou a grande esperança da cidade com a instalação de sua fábrica. Infelizmente, depois que a fábrica começou a ser construída, Belmonte teve o seu território roubado pela cidade de Eunápolis ajudada por alguns políticos que estavam nos comandos da cidade na época. Onde os mesmos esqueceram do grande amor que diziam ter pela cidade e centralizaram os seus interesses em suas próprias causas firmando acordos obscuros que até hoje a população não entendeu apesar da briga política que se tem em todas as eleições municipais sobre esse assunto.
O que ficou para a cidade foi o Terminal Marítimo de Belmonte que absolveu alguns trabalhadores e ajudou a diminuir as grandes taxas de desemprego que apavorava o povo belmontense. Infelizmente até esse “prêmio de consolação”está sendo tomado pelo povo de Eunápolis através da empresa JULIO SIMÕES, hoje conhecida pela sigla JSL.
Não é de hoje que a empresa comete desmandos humilhando o povo belmontense. Ex – funcionário já relataram à nossa equipe que os trabalhadores de Belmonte eram vistos pelo diretor da época como “catadores de caranguejos” salvos da sua mediocridade pelos empregos subvalorizados da JSL. Dizemos subvalorizados, porque os operadores de empilhadeira que trabalham no Terminal Marítimo de Belmonte ganham infinitamente menos do que os seus colegas que descarregam as barcaças de celulose em ARACRUZ, estado do Espírito Santo. Mesmo o grau de exigência sendo maior no Terminal de Belmonte por produção e metas.
Depois de anos de sofrimento, a JSL agora se superou e começou uma verdadeira demissão em massa, segundo ex-funcionários da empresa, a situação está tão fora de controle que os mesmos procuraram ajuda das autoridades belmontenses. Para isso, foi realizada uma reunião na Câmara de Vereadores onde estiveram presentes os membros da CUT Moisés e Leila, os vereadores Daco, Calango, Carlinhos, Turista e Idinho, as Assistentes Sociais Débora e Júlia juntamente com o Secretário de Assistência Social Albervan. Na oportunidade, os funcionários demitidos denunciaram que a JSL estava realizando uma demissão em massa sem justa causa dos funcionários de Belmonte e Barrolândia e que o problema não era a extinção dos postos de trabalho, e sim, para acomodar os funcionários de Eunápolis que perderam seus empregos com a perda dos contratos da Julio Simões na área do citado município. Ao todo, segundo as denúncias, foram demitidos 23 funcionários belmontenses com previsão de mais 29 demitidos nos próximos meses e esses postos, segundo eles, estão sendo ocupados pelos funcionários de Eunápolis. Os funcionários demitidos disseram também que os que ficaram estão sofrendo com o assédio moral dos supervisores da empresa que muitas vezes os manda fazer outras funções, das quais os funcionários não foram contratados, sob ameaças de serem demitidos também.
Questionada pelos ex-funcionários, a Julio Simões deu a desculpa de que era porque os funcionários de Belmonte não estavam conseguindo bater as metas de produção. Desculpa que foi prontamente desmentida com documentos mostrados pelos ex-funcionários de que as equipes vinha batendo seguidamente todas as metas de produção mesmo sem ganhar nada a mais por isso. Os mesmos também denunciaram o fato ao setor de atendimento da Veracel que informou não ter conhecimento sobre o caso, mas que iria investigar junto à JSL o que estava acontecendo.
Os vereadores citados e as autoridades presentes ficaram revoltados com o que ouviram e prometeram pedir explicações à Veracel e à JSL sobre o que estava acontecendo e prometeram lutar até o fim para defender os direitos dos belmontenses. A prefeita Alice Maria não estava presente na reunião mas demonstrou apoio aos trabalhadores e se colocou à disposição dos mesmos.
Diante das denúncias, a Câmara de Vereadores enviou um ofício para a diretoria da JSL,os dirigentes da Veracel Celulose e o presidente do SINDITA Cargas, sindicato que atende aos trabalhadores, para que os mesmos compareçam à próxima reunião que acontecerá no mesmo local na próxima quarta-feira (16/04) às 10:00Hrs para prestarem esclarecimento sobre as denúncias e para que se chegue a um acordo para que os trabalhadores belmontenses não sejam mais prejudicados pela empresa. As empresas envolvidas, o sindicato citado e o Ministério Público confirmaram a participação na reunião.