A historia da Filarmônica 15 de Setembro
As Filarmônicas eram um grande destaque no final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX. No extremo sul baiano essas bandas eram símbolos de poderio dos coronéis do cacau que mantinham a banda e realizavam grandes duelos musicais que algumas vezes terminava em guerra armada.
Belmonte era uma cidade privilegiada nessa época e contava com duas filarmônicas que atravessaram o tempo levando a cultura musical e mudando a vida de muitos jovens que passam por suas partituras e ganham o mundo como grandes músicos instrumentistas. Os duelos musicais também não deixaram de existir, a única mudança é que os debates não terminam mais em guerra como antigamente. Hoje os duelos são para alegrar e impressionar os moradores e turistas com a musicalidade e a cultura que permanece viva em Belmonte.
A história da Sociedade Filarmônica 15 de Setembro começou em 1895 quando um grupo de coronéis liderado pelo coronel Pedro Ventura de Amorim. O grupo decidiu que a recém emancipada cidade necessitava urgente de uma filarmônica e assim nasceu no dia 15 de setembro do citado ano a Sociedade Filarmônica 15 de Setembro. A filamonica começou a alegrar as festas religiosas e culturais da cidade.
Um acontecimento humanitário marcou a história da Filarmônica. Em 1910 a sede da 15 de Setembro foi doada como abrigo aos acometidos de uma grande epidemia de varíola que assolou a cidade. Por causa disso o prédio ficou interditado por alguns anos. Em consideração ao ato generoso, o governo municipal isentou-a de impostos através da lei nº 92, de 18 de dezembro de 1911.
Em 1914 a Filarmônica sofreu uma grande perda onde uma grande enchente destruiu a sua sede que ficava situada ao lado da Igreja de Nossa Senhora do Carmo. A nova sede foi construída na Praça Manoel Seabra Velloso, onde fica localizada atualmente.
Em 16 de julho de 1948 aconteceu o grande duelo que entrou para a história belmontense, entre a Sociedade Filarmônica 15 de Setembro e Sociedade Filarmônica Lira Popular. Naquele dia começava mais um espetáculo após a tradicional novena da padroeira da cidade que terminou depois da benção do Santíssimo Sacramento, por D. Eduardo, bispo da diocese de Ilhéus. Cada filarmônica procurava apresentar o melhor de seu repertório, uma após outra. A cada apresentação eram arrancados aplausos da população ali presente. A disputa continuou até o outro dia e às 05:00H da manhã quando o bispo foi celebrar a missa as filarmônicas ainda estavam se enfrentando, nem os apelos do bispo conseguiram parar as apresentações. Somente ao meio dia foi que os presidentes das respectivas agremiações subiram nos coretos e desceram com os seus maestros, encerrando o duelo musical. Musical porque foi encerrado a tempo.
Algumas testemunhas, ainda vivas, dizem que a Filarmônica Lira Popular a partir das 05:00H começou a repetir os seus dobrados. Tornando assim a Sociedade Filarmônica 15 de Setembro vitoriosa nesse duelo histórico.
Ao longo de sua existência grandes maestros e músicos passaram pela Filarmonica como: Ovídio Santa Fé, Bacelar e João de Lilá. Este último é lembrado até hoje através da sua grande obra que é o Hino de Belmonte.
Hoje com 118 anos de existência e com uma grande batalha que é enfrentada para continuar levando a cultura e a história musical belmontense. A filarmônica se orgulha de ter encaminhado diversos músicos para filarmônicas militares em todo país. A sua formação atual, que contém jovens em sua maioria, continua a alegrar as pessoas que admiram a boa música.
É preciso lutar para que essa entidade que carrega a cultura e a história belmontense não se perca no tempo. Precisamos que nossos representantes olhem um pouco mais para nossas filarmônicas e entendam que elas são fundamentais para identidade do povo belmonte.