data Categoria: Especial |  data Postado por redacao há 12 anos | Imprimir Imprimir
História da Filarmônica XV de Setembro

Uma das maiores expressões da cultura belmontense está implantada na existência das Filarmônicas e que muito honra a nossa cidade e municípios vizinhos com seus mais variados repertórios, com sua organização, brilho e disciplina. O Srº Carlos Alberto Gama (Bebeto) é um dos principais incentivadores, e por isso recebeu o título de padrinho, ajudando a não deixar morrer esta peça da nossa cultura.

 

 

A história da Filarmônica XV de Setembro.

As Filarmônicas eram um grande destaque no final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX. No Extremo Sul baiano essas bandas eram símbolos de poderio dos coronéis do cacau que mantinham a banda e realizavam grandes duelos musicais que algumas vezes terminavam em guerra armada.

Belmonte era uma cidade privilegiada essa época e contava com duas Filarmônicas que atravessaram o temo levando a cultura musical e mudando a vida de mitos jovens que passam por suas partituras e ganham o mundo como grandes músicos instrumentistas.

Os duelos musicais também não deixaram de existir, a única mudança é que os debates não terminam mais em guerra como antigamente. Hoje, os duelos são para alegrar e impressionar os moradores e turistas com a musicalidade e a cultura que permanece viva em Belmonte.

A história da Sociedade Filarmônica XV de Setembro começou em 1895 quando um grupo de coronéis liderado pelo Coronel Pedro Ventura de Amorim decidiu que a recém emancipada cidade necessitava urgente de uma Filarmônica.

Assim em uma reunião no dia 15 de Setembro do mesmo ano nasceu a primeira Filarmônica de Belmonte que recebeu o nome da sua data de fundação e a partir dai a XV começou a alegrar as festas religiosas e culturais da cidade.

Um acontecimento humanitário marcou a história da Filarmônica. Em 1910 a sede da XV de Setembro foi doada como abrigo aos acometidos de uma epidemia de varíola que assolou a cidade. Por causa disso o prédio ficou interditado por alguns anos.

Em consideração ao ato generoso, o governo municipal isentou-a de impostos através da lei nº 92, de 18 de dezembro de 1911.

Em 1914 a Filarmônica sofreu uma grande perda onde uma grande enchente destruiu a sua sede que ficava situada ao lado da Igreja de Nossa Senhora do Carmo. Algum tempo depois a nova sede foi construída na Praça Manoel Seabra Velloso, onde funciona até hoje.

Em 16 de Julho de 1948 aconteceu o grande duelo entre a Sociedade Filarmônica XV de Setembro e a Sociedade Filarmônica Lyra Popular que entrou para a história belmontense. Naquele dia começava mais um espetáculo após a tradicional novena da Padroeira da Cidade que terminou depois da benção do Santíssimo Sacramento, por D. Eduardo, bispo da diocese de Ihéus.

Cada Filarmônica procurava apresentar o melhor do seu repertório, uma após a outra. A cada apresentação eram arrancados aplausos da população ali presente. A disputa continuou até o outro dia e às 05:00 da manhã quando o bispo voltou para celebrar a missa matinal as filarmônicas ainda estavam se enfrentando. Nem os apelos do bispo conseguiram parar as apresentações.

Somente ao meio dia, os presidentes das respectivas agremiações subiram nos coretos e desceram com os seus maestros, encerrando o duelo musical. Falo Musical porque foi encerrado a tempo.

Esse duelo entre as duas filarmônicas gera muita polêmica. As testemunhas que vivenciaram o episódio são suspeitas pra informar qual foi a vencedora por terem suas preferências particulares. O que importa realmente é que esse fato serviu para engrandecer e valorizar ainda mais a extensa história da nossa querida Belmonte.

Grandes maestros e músicos passaram pela Filarmônica XV de Setembro como : Ovídio Santa Fé, Bacelar e João de Lila. Este último é lembrado até hoje através de sua grande obra que é o Hino de Belmonte.

Hoje com 117 anos de existência e com uma grande batalha que é enfrentada para continuar levando  a cultura e a história musical belmontense. A filarmônica se orgulha de ter encaminhado diversos músicos para filarmônicas militares em todo país. A sua formação atual, que contém jovens em sua maioria, continua a alegrar as pessoas que admiram a boa música.

É preciso lutar para que essa entidade que carrega a cultura e a história belmontense não se perca no tempo. Precisamos que nossos representantes olhem um pouco mais para nossas filarmônicas e entendam que elas são fundamentais para a identidade do povo belmontense.