Há uma mania cultural, entre nordestinos, a colocação de nomes próprios excêntricos nos filhos que ainda estão sendo gerados nos úteros maternos. Pais, numa atitude entusiástica, visando homenagear seus ídolos, resolvem registrar seus rebentos, com nomes famosos, sem, contudo, ter a preocupação de aprender a grafia ou a pronúncia dos nomes que se tornavam reféns do interesse de cada homenagem prestada pelos pais, como foi o caso do famoso “Delegado da Visgueira”, que ao homenagear a Familia Kennedy, deu nome aos três filhos: João Kenedy, Bobe Kenedy e Tede Kenedy.
O saudoso João Silva, oficial do Cartório do Registro Civil, conviveu com inúmeros casos de registro de nascimento com nomes estrambóticos ou inusitados como o pai que registrou “O Nilton”, sendo adaptado sabiamente pelo escrivão como Unilton. As irmãs Aquinuia, Aquinéia e Queitebushe enriquecem o rol de nomes exóticos em nossa região assim como as pérolas ceplaquianas, Crisógno e Oberbobeque.
O grande amor na vida de Colimérico foi Bucetilda que tinha um primo de nome estranho: Peidro que, por sua vez, namorava Relva Cascalho, irmã de Clarion, filho do senhor Dilbremar e dona Vileiva, numa época de grandes amigos e jovens companheiros como Aiany, Damares, Eides, Ernita, Sanita, Marijária, Rodomarques, Jubildo e Julinaco. Podem ser nomes extravagantes, mas fazem sucesso onde são pronunciados.
Os pais se sentem orgulhosos quando dão nomes incomuns aos filhos mas não imaginam o vexame que passa o narrador esportivo, ao ter que pronunciar o nome dos jogadores. Na seleção de exóticos nomes temos: Demostheus, Second, Elieferson, Nadlon e Jayk. O técnico é Ainoan, o médico, Áquila e Webert o massagista. A seleção de vôlei contém outras preciosidades: Simeoni, Telga, Kaiana, Geórgela, Gelsislane, Maykely, Micaely e Ramarachara. É um verdadeiro exercício de trava-língua.
Lá pelo final da II Guerra Mundial, nascia o primogênito do pescador Bené, amante de uma “caninha”, que, fã do General americano Dwigh Einsenhowen, resolveu homeageá-lo, dando ao filho o nome do ilustre militar e presidente americano. Vivia a declamar em voz alta, após cada gole da “mardita pinga”, meu filho chamará “Uaisenrauen”.
Antes do registro civil, lá se foram Bené, seu rebento e os compadres, engalanados, para a igreja da Matriz, em domingo festivo, batizar o “grande homem”. Pe. João, após derramar água benta na moleira e ungir com óleo sagrado à testa do garoto, perguntou:
– Como se chama e como se escreve o nome do anjo?
Bené, pensou, coçou a cabeça, olhou para os padrinhos e respondeu:
– Sebastião, bota Tião mesmo.